Veja o dia e horário preferido dos ladrões de carro da Grande Vitória

Gazeta Online - Raquel Lopes

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Na Serra, média é de 10 veículos furtados ou roubados por dia

Moradora de Residencial Parque de Laranjeiras, Deborah Alves diz que os veículos são roubados ou furtados principalmente no horário em que não há movimentação do comércio. Eles acontecem em ruas adjacentes à Avenida Central.

Quem sair dirigindo em uma segunda-feira, no intervalo entre 18 horas e meia-noite, pode estar correndo um risco a mais de ter o veículo roubado. O horário é o preferido por bandidos para abordar os motoristas e cometer os crimes na Grande Vitória e corresponde a 42,1% dos casos, ou seja, dos 1.759 carros roubados de janeiro a março deste ano, 717 ocorreram neste período.

O domingo à noite é o segundo dia da semana mais visado pelos ladrões, com um total de 281 roubos. Mas quando trata-se de furto, os criminosos agem em horário diferente. Dos 925 casos que ocorreram até março, a maior parte deles - 313 - aconteceu das 6h às 18h.

10 carros por dia

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Serra é o município que lidera o ranking de furtos e roubos na Grande Vitória, com uma média de 10 veículos por dia sendo levados pelos criminosos. Somente no bairro Parque Residencial Laranjeiras foram 98, uma média de um veículo por dia, de acordo com dados do Comando de Policiamento Ostensivo da Região Metropolitana, aos quais A GAZETA teve acesso.

Em seguida vem Vila Velha com 593 veículos e Vitória, que soma 502 furtos e roubos.

A presidente da associação de moradores de Parque Residencial Laranjeiras, Deborah Alves, conta que o horário das 6h às 7h e após às 19 horas são os preferidos dos bandidos. Ela explica que é o horário em que o comércio ainda está fechado, mas na parte da manhã, por exemplo, tem movimentação de pessoas indo para escola. Já à noite, é o horário que as pessoas voltam do trabalho e vão à academia.

Ela explica que as ruas adjacentes à Avenida Central chamam mais a atenção de bandidos, como as ruas Felipe dos Santos, Rio Branco, Rua Miguel Ângelo, Euclides da Cunha e Praça do Extrabom.

“Sempre houve a sensação de insegurança. As pessoas chegam às 22 horas da faculdade e precisam passar por uma rua deserta. Queríamos o policiamento ostensivo por 24 horas, eles ficam até às 21 horas, depois só fica a viatura passando pelo bairro”, diz.

Quem sentiu na pele o que é ter o carro roubado foi o aposentado Francisco Pereira Bastos Neto, de 73 anos, que mora em Parque Residencial Laranjeiras, na Serra. No dia 1º de abril, por volta das 8h30, enquanto saía com o carro da garagem, foi surpreendido por três bandidos, que o fecharam por trás.

“Eles disseram: ‘vai sair ou quer que eu dê um tiro em você?’ O que estava do meu lado pegou a chave e saiu, e o outro ficou no banco do carona. Fiquei surpreso e não consigo nem lembrar a fisionomia deles”, diz.

O carro foi encontrado cerca de duas horas depois no bairro Feu Rosa, na Serra. Ele estava trancado, sem um dos pneus, chave de roda e macaco.

Madrugada

O menor índice de ocorrências acontece de madrugada, de 0h às 5h59. Foram registrados 176 (9,47%) casos de roubos, e os ladrões também agem menos nas terças-feiras. No mesmo horário, foram 124 (13,40%) casos de furtos, sendo que o sábado é o dia menos visado pelos bandidos.

Análise

“Há mais de 13 anos a Grande Vitória se configura como uma das regiões mais violentas do país. Num determinado momento houve uma redução de crimes, mas o número voltou a crescer em todas as áreas, como em roubo de carros. As polícias Militar e Civil e Guarda Municipal ao trabalharem juntas conseguem fazer uma análise maior do crime e aplicar medidas mais eficientes. Mas há uma crise na Polícia Militar, que tem gerado uma insegurança na população, os bandidos não conseguem enxergar uma barreira para prática de seus crimes e a população está insegura. A polícia está desmotivada e com um efetivo muito aquém do que deveria, o maior problema é que não há um efetivo militar adequado para o Estado e nem equipamento suficiente. Outro problema é que a Secretaria de Segurança Pública está desestruturada, o secretário não consegue exercer liderança sobre os policiais, que estão se sentindo abandonados pelas autoridades no Estado.”

Alexandre Domingos, especialista em segurança pública e privada.

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